Han Kang – A menina que decidiu ser escritora aos quatorze anos, é a vencedora do Prémio Nobel da Literatura 2024

A infância de Han Kang foi marcada pelas memórias das várias mudanças de casa e pelas cinco escolas primárias que frequentou. Filha do agora renomado romancista Han Seung-won, Han Kang lembra-se que devido às dificuldades financeiras da família, eles não tinham muitos móveis, mas livros nunca faltaram em sua casa. Han Kang sentia-se protegida pelos livros e essa sensação era ampliada todas as semanas com os livros novos que o pai trazia para casa, pois sentia uma enorme felicidade ao lê-los.
Na adolescência, Han Kang foi confrontada com algumas das questões típicas desta fase da vida, como: “Quem sou eu?”; “O que estou a fazer neste mundo?”; “Porque é que toda a gente tem que morrer?”; “Porque existe a dor humana?”; “Qual o significado de ser humano?”. Ao tentar descobrir respostas para estas questões, Han Kang releu alguns livros que tinha em casa, mas com uma outra visão e tudo se tornou novo para ela naquele momento.
Aos quatorze anos, Han Kang decidiu que se ia tornar escritora, pois queria escrever as suas questões e as respostas que tinha encontrado. Às vezes escrevia poesias, outras vezes só palavras soltas. A autora diz que não decide escrever, diz que os textos lhe surgem e ela escreve-os conforme vão surgindo.
A vontade de escrever ficção surgiu aos dezanove anos e começou com histórias curtas que publicou em algumas revistas. A sua estreia foi com cinco poemas sob o título “Inverno em Seoul” (1993). O seu primeiro livro publicado,”Yeosu”, demorou três anos a escrever.
Han Kang, ainda tem algumas questões que a atormentam e gostava de entender como é que os seres humanos foram capazes de cometer alguns atos atrozes ao longo da história. Um dos acontecimentos que mais a marcou, foi o massacre de 1980 em Gwangju, a sua cidade natal. Apesar de não viver lá na altura, muitos dos seus familiares e amigos, foram vítimas das atrocidades vividas e isso marcou-a profundamente.
Numa profunda reflexão sobre os acontecimentos em Gwangju, a escritora expressa no livro “Atos humanos” (2014), a sua luta interna entre querer abraçar o mundo e a vida, e a sua dificuldade em aceitar a realidade e os atos de alguns seres humanos. Neste livro, ela faz também uma reflexão sobre a bondade e generosidade de outros seres humanos, que em situações extremas são capazes de ajudar o próximo e a fazem acreditar que ainda existem pessoas dignas no mundo.
Em “O livro Branco” (2016), Han Kang sente que fez um caminho em direção à “Luz” e através da escrita, demonstra que nada nem ninguém pode destruir o bem e o amor que temos dentro de nós.
Após ver a sua escrita reconhecida em Seoul, Han Kang foi vencedora de vários prémios lietrários.
– Venceu o Man Booker International Prize (2016) com o livro “A Vegetariana”, sendo novamente finalista em 2018, com “O Livro Branco”.
– Venceu o Prémio Malaparte em Itália (2017), que foi-lhe atribuído pelo livro “Atos humanos”.
– Venceu o Prémio Literário San Clemente em Espanha (2019), com o livro “A Vegetariana”.
– O seu romance mais recente, “I Do Not Bid Farewell”, recebeu o Prémio Medicis em França em 2023 e o Prémio Émile Guimet em 2024.
Han Kang foi a quinta escritora selecionada para o projeto Biblioteca do Futuro na Noruega em 2019. O livro “Dear Son, My Beloved”, será mantido na Biblioteca Deichman em Oslo até à sua publicação programada em 2114.
Fontes: han-kang.net | LouisianaChannel
Se quiseres saber quem são as outras autoras que já venceram o Prémio Nobel da Literatura lê o artigo As 17 Mulheres Vencedoras do Prémio Nobel da Literatura