Evolução do Mercado de Autores Independentes (Parte 1)
O mercado livreiro tem mudado muito nos últimos anos e novos desafios esperam autores independentes e editoras.
O número de autores independentes tem vindo a aumentar nos últimos anos e já são alguns os que estão a optar por formas híbridas de vender os livros, publicando simultaneamente através das editoras e em nome próprio.
Como era o mercado editorial?
Segundo a Authors Publish, até há poucos anos havia um número reduzido de editoras que tinham o monopólio da publicação dos livros dos autores mais famosos.
Estas editoras controlavam, não só os autores que podiam publicar os seus livros ou não, como os canais de distribuição em que os livros eram vendidos.
Os autores independentes, que tentavam colocar diretamente os seus livros à venda nas livrarias, muitas vezes desistiam, porque aliado ao custo de impressão dos seus livros eram exigidas altas percentagens de comissão de vendas.
Os autores independentes, que mesmo assim decidiram arriscar, viram as suas expectativas goradas, pois as editoras não colocavam sequer os livros nas prateleiras.
O que mudou a forma de publicar?
As redes sociais como o Facebook e o Twitter, ajudaram a mudar a realidade do mercado livreiro, pois os autores independentes conseguiram uma forma de comunicar a nível global e estabeleceram relações mais próximas com os leitores.
Isto ajudou a fomentar um senso de comunidade entre a base de fãs dos autores, que ajudam a divulgar os livros através do TikTok, Instagram e YouTube.
O surgimento da Amazon / Kindle, Apple iBookstore e Barnes and Noble, permitiram a publicação de eBooks e a realidade do mercado editorial mudou drasticamente. Estas plataformas permitiram aos escritores vender os seus livros a nível mundial, sem necessitar da aprovação de uma editora e com impressão de boa qualidade.
Os autores também estão a publicar de forma independente devido às margens de lucro que obtêm nas editoras tradicionais com a venda dos seus livros (em média entre 5% a 10%) e pela liberdade de publicarem os seus títulos quando quiserem.
A crença de que os autores independentes não conseguem publicar através de editoras tradicionais, porque os seus livros têm menos qualidade, está a mudar à medida que estes conquistam mais leitores.
Segundo a Publishers Weekly, o número de ISBNs autopublicados emitidos (incluindo livros impressos, e-books e audiolivros), ultrapassou um milhão pela primeira vez em 2017 e teve um pico enorme em 2019. Em 2022 e 2023, o número de pedidos de ISBNs de autopublicação ultrapassou o das editoras tradicionais.
Os hábitos de leitura mudaram
Jen Barrett, responsável pela publicação direta do Kindle da Amazon Books UK, afirma que “os leitores tendem a não diferenciar entre um livro publicado tradicionalmente e um livro publicado de forma independente, eles só querem ler algo ótimo e no género de sua escolha. É isso que é tão criativo e empolgante sobre a publicação independente.”
A Alliance of Independent Authors, informou que de acordo com dados disponíveis, a Geração Z mantém hábitos de leitura fortes e regulares, com quase 40% lendo diariamente ou alguns dias por semana, e 55% lendo uma vez por semana ou mais.
A Plataforma Wattpad, diz que 79% dos jovens procuram mais diversidade nas histórias que leem e 83% recorrem a fontes online como webnovelas, e-books e webcomics para histórias diversas.
Uma pesquisa da Nielsen Book Data, destaca que a Geração Z prefere livros impressos e que estes correspondem a 80% das suas compras entre Novembro de 2021 e 2022.
A Parte II do Artigo será publicada dia 09 de Abril, 2025
