A Magia dos Contadores de Histórias!

Dia 20 de Março, celebrou-se o Dia Internacional do Contador de Histórias! Esta data que começou a ser assinalada em 1991 na Suécia, com o objetivo de homenagear e promover os contadores de histórias, tem-se tornado desde então um evento celebrado em vários países do mundo. Muitas vezes pensa-se que os contadores de histórias se dedicam a encantar as crianças, mas esta atividade tem sido uma prática oral consistente ao longo da história, que se dirige também aos adultos.
Acredita-se que a origem dos contadores de histórias vem desde o tempo em que a humanidade vivia em cavernas. Algumas das primeiras evidências de histórias vêm de desenhos em cavernas em Lascaux e Chavaux, França. Os desenhos, que datam de 30 mil anos atrás, retratam animais, humanos e outros objetos. Alguns deles parecem representar histórias visuais.
Desde o surgimento da linguagem humana, contar histórias tem sido a forma como as culturas transmitem crenças e valores. Tradicionalmente, os contadores de histórias eram vistos como artistas e professores, que por meio de voz e gestos contavam as suas histórias como forma de impactar as emoções humanas e ajudar as pessoas a aceitar ideias originais ou incentivá-las a agir.
A tradição oral pode assumir muitas formas, incluindo poemas épicos, cantos, rimas, canções e muito mais. Nem todas essas histórias são historicamente precisas ou mesmo verdadeiras e podem abranger mitos, lendas, fábulas, religião, orações, provérbios e instruções. As estruturas e técnicas mais comuns de contar histórias incluem frases como “Era uma vez” e “felizes para sempre”!
Um exemplo, de como contar histórias é uma forma de transmissão cultural, vem das tribos nativo americanas. Os Choctaw têm uma tradição de contar histórias orais que remonta a gerações, com o objetivo preservar a história da tribo e educar os jovens, além disso, a tradição oral inclui história, bem como lições de vida ou ensinamentos morais. Muitos dos contos tradicionais Choctaw empregam personagens animais para ensinar essas lições de maneira humorística.
Os contadores de histórias nativos havaianos, que conheciam história e genealogia, eram membros honrados da sociedade. A narrativa havaiana não se limitava apenas às palavras – incluía falar, mas também abrangia mele (música), oli (canto) e hula (dança). Os havaianos valorizavam as histórias porque ensinavam à próxima geração sobre comportamento, valores e tradições.
Os povos da África Subsaariana têm fortes tradições de contar histórias. Como em outras culturas, o papel do contador de histórias é entreter e educar, por isso é costume em muitas partes de África, a aldeia reunir-se em torno de uma fogueira central para ouvir o contador de histórias. Grande parte da cultura da África Ocidental é passada através dos contadores de histórias, trovadores e conselheiros de reis. Esta é considerada uma profissão que pode ser desempenhada por homens ou mulheres e que normalmente é “herdada” a cada nova geração. As funções desempenhadas por esta profissão englobam ser contador de histórias, genealogista, historiador, embaixador e muito mais.
Os seanchaí, os tradicionais guardiões irlandeses da história, viajavam de aldeia em aldeia, recitando conhecimentos antigos e contos de sabedoria. Eles contavam os antigos mitos, bem como notícias e acontecimentos locais. Proeminentes na tradição oral irlandesa são os contos de reis e heróis.
Ao longo dos tempos estes mitos, lendas e fábulas passaram para papel e a comunicação passou também a ser escrita. O intuito é que o contador de histórias crie novos mundos ou experiências na imaginação do ouvinte ou leitor. Qual a criança que não pede para lhe lerem uma história antes de dormir? E quem não se emociona a ler os contos de Hans Christian Andersen? A verdade é que a magia e arte de contar histórias mantêm-se viva após tantas gerações!
Em Portugal, as lendas mais famosas são provavelmente a do Galo de Barcelos e da Lagoa das Sete Cidades, mas de Norte a Sul do país existem lendas muito antigas que fazem parte da nossa cultura. Se tem curiosidade em ler algumas das nossas lendas, mitos e crenças, veja as sugestões que lhe deixo.
- Teófilo Braga fez uma compilação no livro “O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições – II (pode ler a versão digital disponibilizada pelas Bibliotecas do Agrupamento de Escolas nº2 de Serpa Aqui )
- O município de Figueira de Castelo Rodrigo disponibiliza algumas lendas Aqui.
- Livro – Lendas, Mitos e Ditos de Portugal de Hélder Reis publicado pela Manuscrito Editora
- Livro – Pelos Caminhos Assombrados de Portugal – Rota dos Mitos e Lendas de Vanessa Fidalgo com a chancela Desassossego
Fonte: education.nationalgeographic.org