O Mundo Encantado de Joana Vasconcelos

Joana Vasconcelos, nasceu em Paris em 1971, pois a ditadura levou os seus pais ao exílio. O pai é fotógrafo, a mãe estudou decoração, a tia era poeta e Joana chegou a organizar uma exposição para a avó, pintora afirmada na terceira idade.
“Eu tive o privilégio de nascer numa família com uma grande paixão pelas artes e pela cultura que sempre me apoiou.”
A INFÂNCIA, A JUVENTUDE E OS ESTUDOS
Apesar de ter nascido em França, Joana cresceu em Portugal e lembra-se de na sua infância estar com o avô na praia e fazer esculturas com as pedrinhas, revelando já o seu gosto pelas artes.
No entanto, o percurso de Joana não foi linear e passou por várias experiências profissionais. O primeiro emprego de Joana foi no Continente a distribuir de patins, brindes nas caixas e foi também chefe de segurança na discoteca Lux, em Lisboa.
Chegou a pensar estudar Arquitetura, mas acabou por estudar Desenho e Joalharia, antes de descobrir a sua verdadeira paixão e firmar o seu nome na Escultura.
AS FONTES DE INSPIRAÇÃO
“Adoro criar obras que deixam as pessoas a pensar mas o que me interessa acima de tudo é a ligação que elas criam com as peças e que se divirtam.”
Joana tem a perfeita noção que não faria as obras que faz se não fosse uma mulher e se não fosse portuguesa, pois a riqueza da nossa cultura sempre foi a sua maior fonte de inspiração.
A abundância de cor e luz, os azulejos, a cerâmica, os têxteis, os bordados, as jóias e a talha dourada, inspiraram Joana e tornaram-na numa verdadeira artista do Barroco.
“Tenho a noção de que cada sociedade produz os seus próprios artistas, pessoas livres da programação aplicada às outras profissões e que são chamadas a refletir o tempo em que vivem.”
O PERCURSO PROFISSIONAL
Joana Vasconcelos, tem já uma carreira com mais de 30 anos e é reconhecida mundialmente pelas suas esculturas monumentais e instalações imersivas, caracterizadas pelo humor e ironia, onde questiona o estatuto da mulher, a sociedade de consumo e a identidade coletiva.
A aclamação internacional chegou em 2005 com “A Noiva” na primeira Bienal de Veneza curada por mulheres e foi o início de uma carreira recheada de sucessos, que conta já com mais de 900 exposições.
Em 2012, tornou-se a mais jovem artista e primeira mulher a expor no Palácio de Versalhes. A sua exposição foi a mais visitada em França em 50 anos, com um recorde de 1,6 milhões de visitantes.
Em 2018, tornou-se na primeira artista portuguesa a ter uma exposição individual no Guggenheim de Bilbau, que se tornou a terceira mais visitada da história do museu.
Em 2023 expôs nas Galerias Uffizi e no Palácio Pitti, em Florença, ao lado de mestres clássicos como Leonardo Da Vinci, Michelangelo ou Caravaggio.
Numa colaboração com a marca francesa Dior, Joana Vasconcelos surpreendeu mais uma vez o mundo, ao criar para o desfile da coleção Outono Inverno 2023-2024, uma monumental escultura têxtil site-specific, intitulada “Valquíria Miss Dior”.
“A moda é uma parte importante da minha vida. Para quem, como eu, começou a mostrar o seu trabalho nas Manobras de Maio de 1994, esta colaboração com a Dior é a concretização de um sonho.”
O RECONHECIMENTO DA SUA OBRA
As obras de Joana Vasconcelos estiveram expostas pelo mundo inteiro e já lhe foram atribuídos mais de 30 prémios pelo seu trabalho.
Em 2009 recebeu o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique pela Presidência da República Portuguesa e em 2022 tornou-se Oficial da Ordem das Artes e Letras pelo Ministério da Cultura Francês.
Gilles Lipovetsky, uma das maiores referências mundiais no pensamento sobre as transformações da sociedade pós-moderna contemporânea e admirador confesso da artista plástica portuguesa, dedicou-lhe um livro.
Em parceria com Jean Serroy e Joana Vasconcelos, Gilles Lipovetsky escreveu o livro “Joana Vasconcelos ou o Reencantamento da Arte”, uma publicação que, segundo a autora dá ao público que o lê, a amplitude da sua obra e da sua forma de pensar.
A partir de Lisboa para o mundo, Joana Vasconcelos gere o Atelier com o seu nome, contando com a ajuda de mais de 50 colaboradores que dão vida às suas criações.
AS CAUSAS DE JOANA VASCONCELOS
Com uma vida tão intensa, Joana tornou-se adepta da meditação diária e co-criou no seu Atelier o departamento “Corpo Infinito”, onde pratica ioga três vezes por semana.
Joana Vasconcelos, tem também a missão de “apoiar aqueles que fazem da Arte o seu caminho”, através da Fundação com o seu nome que concede bolsas de estudo, apoia causas sociais e promove a arte para todos.
Em 2024, tornou-se embaixadora da Pangea Trust, instituição que criou no Alentejo o primeiro santuário de elefantes e reserva natural em grande escala da Europa.
Segundo Joana, “O mundo natural é uma fonte de inspiração para artistas como eu e temos o dever de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para promover uma coexistência pacífica com a natureza. É maravilhoso que a Pangea tenha escolhido Portugal para estabelecer a sua iniciativa progressista.”
Fontes de informação: www.joanavasconcelos.com | www.fundacaojoanavasconcelos.com | www.pangeatrust.org