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A Origem das Princesas da Disney – Pocahontas

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A Origem das Princesas da Disney – Pocahontas

Amonute, mais conhecida pelos que lhe eram próximos como Matoaka (flor entre dois riachos), foi a mulher que inspirou a história de Pocahontas contada pela Disney, no entanto, a romantização da sua vida encobre muitas das duras realidades que os povos indígenas enfrentavam na época.

“Pocahontas” nasceu em 1596, na vila de Werowocomoco (localizada nos dias de hoje no estado da Virgínia), e era filha de Wahunsenaca o Chefe Powhatan, que foi o grande responsável por reunir cerca de 30 tribos que viviam dentro e ao redor da área reivindicada pelos colonos ingleses como Jamestown. Quando os ingleses chegaram e ali se estabeleceram, em maio de 1607, Pocahontas tinha cerca de onze anos.

A partir daqui são muitas as suposições sobre a história de vida de Pocahontas! O que aparentemente se tem a certeza, é que ela e John Smith nunca estiveram apaixonados, pois ele descreveu Pocahontas, como a bela filha de um poderoso líder nativo, que o resgatou da execução pelas mãos de seu pai. Há quem acredite que a vida de John Smith nunca esteve em perigo e que o chefe Powhatan fez acordos com ele e o acolheu na sua tribo estimando-o como um filho. Diz-se que o chefe Powhatan chegou inclusive a enviar presentes e comida aos ingleses como um sinal de paz e que era Pocahontas quem os levava numa carroça. Porém, com o passar do tempo, as relações entre os índios Powhatan e os ingleses começaram a deteriorar-se.

No inverno de 1608-1609, os ingleses visitaram várias tribos Powhatan para trocar contas e outras bugigangas por mais milho, mas descobriram que a seca severa tinha reduzido drasticamente as colheitas das tribos. Os colonos exigiram mais comida do que os índios tinham de sobra, então os ingleses ameaçaram as tribos e queimaram vilas para obtê-la.

Em 1609, o chefe Powhatan, cansado da constante procura inglesa por alimentos, mudou a sua capital de Werowocomoco (no rio York) para Orapaks (no rio Chickahominy), mais para o interior e Pocahontas deixou de ter permissão para visitar Jamestown, mas isso não foi o fim do seu envolvimento com eles. John Smith registrou que ela salvou a vida de Henry Spelman, um dos vários meninos ingleses que foram enviados para viver com os índios Powhatan para aprender sua língua e estilo de vida.

Em 1610, com apenas 14 anos, Pocahontas casou-se com Kocoum e a ameaça de sequestro sobre a filha do chefe da tribo aumentou. Naquela época, várias mulheres e crianças foram mortas e agredidas pelos ingleses, o que obrigou Pocahontas a mudar para outra aldeia onde viria a dar à luz o primeiro filho. No entanto, em 1613 o plano inglês de sequestrar Pocahontas foi executado pelo capitão Samuel Argall que também mandou matar Kocoum. Pocahontas ficaria em cativeiro em Jamestown, servindo de moeda de troca nas negociações entre os ingleses e as tribos.

Três meses após o cativeiro, Pocahontas foi transferida para Henrico onde aprendeu os costumes ingleses e as crenças religiosas dos colonos com o reverendo Alexander Whitaker. Acredita-se que a sua transferência se tenha devido ao fato de quererem esconder que ela tinha sido abusada e a sua gravidez começava a ser visível. Na primavera de 1614, Pocahontas estava profundamente triste e deprimida e os ingleses fizeram questão de a fazer acreditar que o seu pai não a amava, pois não pagava o resgate para a ter de volta.

Pocahontas acabou por se converter ao cristianismo e foi baptizada como Rebecca. Em abril de 1614, Pocahontas e John Rolfe casaram-se em Jamestown. O pai dela consentiu no casamento, mas apenas porque ela estava sendo mantida em cativeiro e ele temia o que poderia acontecer se dissesse não. Em 1616, os Rolfes e vários representantes Powhatan, foram enviados para a Inglaterra para que fosse despertado o interesse da coroa por Jamestown. Esta viagem contribuiu para que os Europeus mudassem a imagem que tinham do povo indígena e em março de 1617, a família estava pronta para retornar à Virgínia após uma viagem bem-sucedida, mas Pocahontas ficou doente e morreria antes do regresso, com apenas 21 anos.

Como se pode constatar, os relatos históricos são bem diferentes da versão da Disney, mas a força e coragem de Pocahontas em defender o seu povo e tentar que ambas as culturas pudessem conviver em paz é inquestionável. Ao contrário do que alguns defendem, Pocahontas não se “vendeu” à cultura europeia nem à igreja católica, ela só queria colaborar num entendimento entre os povos. Pocahontas é um símbolo da resistência e força do povo nativo americano e prova disso é que mais de 400 anos se passaram e o seu nome ainda é falado.

Fontes: www.smithsonianmag.com | www.theindigenousfoundation.org | www.nps.gov

 

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